Na TCV, a interpretação dos dados volumétricos significa mais do que simplesmente a geração de imagens tridimensionais, especialmente quando a varredura envolve regiões extensas. A interpretação exige uma compreensão das relações espaciais das estruturas anatômicas e de um conhecimento abrangente das alterações patológicas das várias estruturas envolvidas. Evidentemente, essa informação pode ir alem do complexo dento-alveolar. Atualmente, há uma crescente preocupação entre os radiologistas, com base nas questões de qualidade e segurança do paciente, de que a interpretação de exames realizados com campos de visão amplos não deva ser realizada por dentistas clínicos sem experiência ou formação adequada. A possibilidade de patologias ocultas permanecerem aumenta o risco de processos legais. Seria de melhor interesse para o paciente se um especialista com amplo conhecimento dessa tecnologia avaliasse o volume total obtido pela varredura.
A reconstrução multiplanar do conjunto de imagens obtidas pela TCV permite a obtenção de uma reconstrução panorâmica que não apresenta as limitações inerentes as radiografias panorâmicas convencionais como sobreposição de estruturas, distorção e ampliação. Contudo, essas reconstruções não devem ser solicitadas para substituir a técnica convencional. Sua utilização deve ser justificada, considerando-se a quantidade de dose de radiação recebida pelo paciente. Se uma determinada questão clínica não puder ser solucionada pelo uso de imagens bidimensionais, então um exame de TCV pode ser solicitado, em consonância com as diretrizes da Comissão Internacional de Proteção Radiológica (International Commission on Radiation Protection - ICRP), seguindo os conceitos do princípio de ALARA, da justificativa e da otimização.
É importante lembrar também das limitações intrínsecas, próprias da técnica, pois em algumas circunstâncias outras técnicas radiográficas são mais adequadas. Por exemplo, a visualização de cáries e dentes adjacentes ao amálgama, bem como restaurações protéticas com maior densidade, não são bem visualizadas na técnica de feixe cônico devido à formação de artefatos metálicos. Alguns aparelhos possuem a capacidade de diminuir estes artefatos. Até mesmo guta-percha pode formar um artefato tão denso quanto o amálgama na TC convencional, o que deve ser levado em conta ao se avaliar um sítio potencial para colocação de implantes adjacentes a dentes com tratamento endodôntico.
A imagem de TCV é um dos mais excitantes desenvolvimentos da radiologia odontológica e, devido à sua versatilidade, certamente tem se tornado uma forma popular de diagnóstico por imagem disponível na prática odontológica. Como resultado, os fabricantes irão sem dúvida desenvolver equipamentos com custo reduzido. Alguns fabricantes já estão produzindo equipamentos híbridos que combinam a radiografia panorâmica com uma unidade de feixe cônico incorporado.
Referências:
Chilvarquer I, Hayek JE, Azevedo B. Tomografia: seus avanços e aplicações na odontologia. Rev Assoc Bras Radiol 2008;9:3-9; De Vos W, Casselman J., Swennen G. R. J. Cone-beam computerized tomography (CBCT) imaging of the oral and maxillofacial region: A systematic review of the literature. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2009; 38: 609–25; Ouyang T, Branstetter IV BF. Advances in Head and Neck Imaging. Oral Maxillofac Surg Clin North America 2010;22:107-115.
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